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terça-feira, 27 de maio de 2014

Promotoria cobra indenização de R$ 2,5 Bilhões de Reais por cartel

O Ministério Público de São Paulo entrou na Justiça com ação por improbidade administrativa contra 11 empresas do cartel de trens e três ex-diretores do Metrô, na qual pede indenização de R$ 2,49 bilhões por supostos danos causados na reforma de 98 trens das Linhas 1 (Azul) e 3 (Vermelha) do Metrô. A Promotoria também requereu a dissolução de 11 multinacionais do cartel de trens.

O promotor Marcelo Milani, que assina a ação distribuída para a 14.ª Vara da Fazenda Pública, pediu liminarmente a anulação dos contratos, o bloqueio dos bens dos acusados e a quebra dos sigilos fiscal e bancário.

O projeto da reforma e modernização das Linhas 1 e 3, firmado em Junho de 2009, não está entre os seis denunciados pela multinacional alemã Siemens ao Cade em acordo de leniência no qual relatou a formação do cartel no sistema metroferroviário de São Paulo e do Distrito Federal no período entre 1998 e 2008.

Esse projeto foi incluído na investigação pelo próprio órgão anti truste do governo federal após análise de documentos apreendidos em 18 empresas no dia 4 de Junho de 2013.

Em março, o Ministério Público denunciou criminalmente 30 executivos de 12 empresas por cartel no âmbito de contratos da CPTM e do Metrô.

Os contratos das Linhas 1 e 3 ainda estão vigentes. Em janeiro a promotoria pediu ao Metrô que os suspendesse. “A reforma saiu mais cara do que se tivessem comprados trens novos”, acusa Milani.
Na ação, o promotor incluiu as empresas Alstom, Siemens, Bombardier, Tejofran, Temoinsa, Iesa, MPE, TTrans, Faiveley, Knorr Bremse e FVL. Além delas são alvo o ex-presidente do Metrô Jorge José Fagali e dois ex-diretores que assinaram os contratos da reforma, Sergio Correia Brasil e Conrado Grava – estes continuam na companhia porque são funcionários de carreira, mas não ocupam cargos de confiança.

Segundo a promotoria, Brasil e Grava foram omissos e tiveram intenção de fraudar a companhia para auferir vantagens ilegais. Eles não foram localizados para falar sobre a acusação. O Metrô não é réu.

Conluio

Para Milani, houve conluio entre as empresas, que teriam dividido lotes e definido os vencedores da licitação. Ele calculou o montante de R$ 2,49 bilhões para indenização pela soma do valor dos contratos mais multa de R$ 576 milhões, equivalente a 30% do total.

O Tribunal de Contas do Estado, que ainda não terminou de analisar os contratos, em sua única avaliação até aqui a respeito dos contratos da reforma, afirmou que “não se verificou grande competitividade” na concorrência, já que houve uma única proposta por lote.

Eram quatro consórcios, cada um ficou com o lote para o qual apresentou proposta. “Não houve propriamente uma disputa licitatória, mas uma atividade de consorciamento”, sustentou em 2010 o então conselheiro Eduardo Bittencourt Carvalho.

Ele ressaltou, ao abordar a opção por concorrência nacional em vez de internacional, existência de “risco de se reduzir substantivamente o grau de competitividade do certame, acarretando em prejuízo ao erário público, em um setor cuja expansão e melhoria são de vital importância para o bem-estar da população, sob a qual recai o ônus de todos os investimentos realizados”.

Fortuna

Bittencourt, hoje aposentado, é réu em ação de improbidade por suposto enriquecimento ilícito. Ele teria amealhado fortuna estimada em R$ 50 milhões no exercício da função de conselheiro de contas. O Metrô informou que não foi notificado da ação.

A Siemens destacou que foi a autora das denúncias que deram origem às investigações “sobre a possível existência de cartel nos contratos do setor metroferroviário”. Segundo a multinacional alemã, “caso a existência de irregularidades nesses contratos específicos sejam comprovadas pelas autoridades competentes, a Siemens deseja que todas as responsabilidades sejam apuradas com transparência”, destacou a empresa, em nota.

A Alstom também não foi citada oficialmente. “A empresa ressalta que apresentou a proposta para a licitação de acordo com as leis do País e respeitando as devidas regras do cliente”, informou, em nota.

Fonte da Notícia: O Estado de São Paulo

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