Linha 7-Rubi é a que possuí mais trens antigos em operação |
Metade
da frota de quase 4.000 trens urbanos e metrôs do Brasil, comprada em
sua maioria nas décadas de 1970 e 1980, consome 30% mais energia que os
modelos mais modernos.
É
o que aponta levantamento da associação do setor ANPTrilhos, cujo presidente, Joubert
Flores, convive com o pior exemplo na própria casa: um dos trens da
empresa que ele dirige, o Metrô do Rio, é o que mais consome energia no
mundo.
O
trem foi construído em 1978 pela Mafersa, estatal adquirida pela
francesa Alstom anos depois. Pesando 40 toneladas, ele utiliza uma
tecnologia antiga de tração (por corrente contínua), já substituída nos
trens mais modernos.
O
alto consumo de energia tem impacto no sistema elétrico nacional, já
que os sistemas ferroviários de passageiros consomem 0,5% da energia do
país, grande parte nos horários de pico.
Mas
o principal prejudicado, para Flores, é o passageiro, que tem de pagar
por isso. Dos custos da Supervia (trens urbanos do Rio de Janeiro), 25%
são para a energia. Na CPTM, o valor é 16%.
Essas empresas já começaram a modernizar seus trens.
Nova Lei
Uma
mudança na lei para que a energia usada pelas empresas de transporte de
passageiros seja taxada de forma igual à das concessionárias de água
faria os custos das tarifas cair entre 5% e 10%, segundo estimativas do
setor.
Seria
correspondente ao valor de R$ 0,20, número que virou o símbolo das
manifestações de junho de 2013 – foi o valor do aumento da tarifa de
ônibus em São Paulo e no Rio de Janeiro naquele ano, depois revogado
após a mobilização da população.
O
projeto para essa mudança tramita desde 2008 no Congresso, segundo seu
relator, o deputado Carlos Zarattini. De acordo com ele, a
proposta é reduzir o valor de vários custos do transporte para
repassá-los às tarifas.
Palavrão
Pelos
cálculos, o governo teria que compensar as empresas de energia com R$
300 milhões a R$ 400 milhões ao ano para reduzir a conta de luz das
ferrovias. Segundo Zarattini, a proposta deveria ter sido aprovada no
ano passado. Mas, como o governo está em dificuldade fiscal, não há um
novo prazo. "Quando houve o aperto fiscal, virou palavrão falar em
desoneração."
Mas
a ANPTrilhos está propondo ao governo federal usar os recursos dessa
desoneração para trocar sinalização e os motores de toda a frota
nacional num prazo de dez anos. O custo seria de R$ 2,8 bilhões. Isso
ajudaria a reduzir o consumo e a aumentar a disponibilidade de trens.
Joubert
Flores defende esse programa porque o governo está anunciando projetos
novos de trens e metrôs. Ao menos 60 projetos de ferrovia de passageiros
foram anunciados, mas a associação acredita que apenas 22 tenham chance
de ficar prontos até 2020.
Mas
Flores informa que não há recurso disponível para melhorar o sistema
existente, que atende a 9 milhões de passageiros/dia."Reduzir as tarifas
não vai levar os passageiros a ter o que pediram durante os protestos:
melhor qualidade do serviço. Para isso, são necessários investimentos,
que, hoje, não podem ser feitos com os recursos das tarifas." Outro
benefício, segundo Flores, seria incentivar a indústria ferroviária
nacional.
Fonte da Notícia: Folha de São Paulo
Imagem de Diego Bitencourt
Nenhum comentário:
Postar um comentário