Do apito dos velhos trens aos acordes das mais importantes orquestras
do mundo. Assim pode ser resumida a história da Estação Júlio Prestes,
cujo prédio, um marco da região central de São Paulo, completa 75 anos
nesta terça-feira. E com uma boa notícia: está em fase de projeto, com
obras previstas para o próximo ano, um novo restauro, orçado em R$ 2,7
milhões.
Será beneficiada com a melhoria a parte do prédio hoje ocupada pela
Secretaria Estadual da Cultura. O projeto vem sendo desenvolvido pelo
escritório Dupré Arquitetura & Coordenação, o mesmo responsável pela
grande intervenção que, entre 1997 e 1999, transformou o então jardim
interno do prédio em um moderno palco de concertos, a Sala São Paulo,
sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp).
"Na época, o maior desafio foi resolver a questão acústica. Por isso
desenvolvemos um sistema de forros móveis", explica o arquiteto Nelson
Dupré.
Nas obras que estão por vir, serão recuperadas fachadas, instalações
elétricas, hidráulicas e telefônicas, além de melhorias no paisagismo e
na sinalização interna da estação.
O prédio da Estação Júlio Prestes foi construído entre 1926 e 1938,
para ser sede da Estrada de Ferro Sorocabana, empresa criada pelos
"barões do café" paulistas.
O projeto é de autoria do arquiteto Christiano Stockler das Neves
(1889- 1982). Com a crise de 1929, entretanto, o plano teve de ser
revisto - e a imponente construção ficou menor do que a ideia
idealizada.
"Das décadas de 1960 a 1980, a estação experimentou um processo de
decadência, com seu entorno", diz o historiador Caio Passados Garcia, um
dos monitores do tour oferecido diariamente para quem quiser conhecer
mais sobre o prédio.
A transformação
No início dos anos 1990, por causa
de uma dívida que a Prefeitura tinha com o governo estadual, o imóvel
foi repassado ao Estado. Anos depois, virou sede da Sala São Paulo e da
secretaria.
Anexa ao equipamento cultural, a estação de trem continua
funcionando. É ponto inicial da Linha 8 da CPTM, por onde passam diariamente, em média, 430 mil
pessoas.
O som não atrapalha em nada os eventos culturais ali dentro, graças a
vidros antirruído. "E, no caso da sala de espetáculos propriamente
dita, há um revestimento especial no chão com quatro camadas: concreto,
neoprene, madeira naval e só então o piso visível ao público", diz
Garcia.
Toda a localização das poltronas, balcões e espaços vazios foi
pensada e projetada para que os volumes internos também trabalhassem a
favor da sonoridade da Sala São Paulo.
Fonte
da Notícia: O Estado de São Paulo
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