Paulo Kioshi Yamashita estuda Ciências Biológicas no Instituto de
Biociências da Universidade de São Paulo (IB/USP), além de participar da
Comissão Ambiental da Biologia (CAMBIO), um projeto
de extensão do curso de biologia com reuniões semanais toda quarta-feira feita por
alunos da USP, no Jardim do Instituto de Biociências da universidade. O
objetivo do projeto é agir sobre os problemas presentes na sociedade e
conscientizar as pessoas sobre formas de sustentabilidade.
Durante uma das reuniões, Paulo conta que a CAMBIO possui
atividades proporcionadas pelos próprios estudantes e que todos são
sensibilizados pelo projeto. Feiras de livros, projeto de Maracatu com
instrumentos reutilizados e o projeto de compostagem no instituto de
biociências foram apenas uns dos muitos que levaram o aluno da USP a se tornar
membro da comissão em 2014, afirmando ainda que o vê como um meio de
retribuição à sociedade por estar estudando em uma universidade pública.
Apesar de atualmente a comissão contar com uma média de seus 30
participantes majoritariamente estudantes do curso de biologia, a CAMBIO
assegura não querer se restringir a pessoas de uma só área nem somente de
estudantes da USP, uma vez que necessita da integração daqueles que tenham
diferentes conhecimentos e experiências e, assim, expandir cada vez mais as
metas do projeto.
Paulo afirma que a ação mais marcante que já realizou pela CAMBIO
é uma pela qual se empenha em reverter os quadros problemáticos que os
indígenas das aldeias no Jaraguá vivenciam. “Quando falamos a palavra ’aldeia’
logo pensamos em ocas, fogueiras e muita vegetação, porém, quando vemos a
realidade dessas aldeias remanescentes em São Paulo e outros locais urbanos
vemos que o aspecto é bem diferente”, explica ele, “quando uma criança Guarani
te abraça só por você estar ali com ela, isso definitivamente muda a vida de
todos os envolvidos”.
Amanda Sodré: Por que você começou a
participar da Comissão Ambiental da Biologia?
Paulo Yamashita:
Eu sempre gostei de Biologia. Desde criança eu sou aquele tipo de pessoa que
gosta de observar o meio a minha volta, estar em contato com a natureza, tentar
compreender como a vida se manifesta e todos seus fenômenos, processos e
diversidade. Mas eu também sempre fui uma pessoa que gosta de cuidar dos
animais e das plantas; sempre me indaguei sobre o descaso social, o maltrato de
animais etc.
Então vi que na CAMBIO eu poderia alcançar esses objetivos,
assim como os demais membros da comissão, que possuem pontos em comum nesse
tipo de pensamento. Percebi que poderia agir sobre os problemas que encontramos
na nossa sociedade, seja cuidando das pessoas, dos animais ou do meio ambiente,
pois está tudo interligado, juntos temos maior força de ação e somos mais
fortes.
AS: Como isso influencia a sua vida? Muda alguma forma suas decisões no
dia a dia?
PY: Quando trabalhamos, ou melhor, lutamos pelas devidas causas que
a CAMBIO luta, passamos a olhar para o mundo, para as coisas e para as pessoas
de outra forma. A CAMBIO é um imenso baú de ações. Todos os projetos surgem a
partir de ideias de seus integrantes, e essas ideias são desenvolvidas por
todos até se tornarem um projeto ou uma ação. Sendo assim, constantemente eu
estou tentando acumular ideias para novos projetos e ações. Minhas decisões são
tomadas depois de muito pensar sobre as consequências da mesma, ou seja, me
pergunto se aquela decisão não irá prejudicar pessoas, o meio ambiente, outros
animais, enfim. Antes de tomar minhas decisões medito muito para verificar se
isso não irá contra os meus princípios éticos e ideológicos.
AS: Quanto tempo duram as reuniões e quantas vezes por semana os
membros costumam se encontrar? Tem algum dia específico?
PY: As reuniões ocorrem atualmente ás quartas-feiras na hora do
almoço, por volta das 12h30 e vão, geralmente, até as 14h00. Elas ocorrem no
Jardim do Instituto de Biociências da USP, onde estudamos. Achamos que o jardim
é um ambiente mais adequado para nossas reuniões: lá ficamos mais a vontade,
mais em contato com a natureza. Somente quando temos que utilizar o computador
recorremos a alguma sala de aula do Instituto.
AS: Existem outras formas para que pessoas interessadas possam
contribuir e ajudar?
PY: Sim! Quando realizamos algum projeto que demanda doações, como
ração para cachorro, livros, agasalhos, brinquedos, etc. as pessoas podem
contribuir muito com doações. Mas a contribuição também pode ser de mão de
obra, fornecimento de algum material para usarmos em alguns projetos, ideias,
contatos uteis, etc.
AS: Você participa de outros projetos de extensão?
PY: Sim, sou membro da Estação Biologia, que é um programa de
visitas escolares. Nele, por ser um projeto de extensão, tentamos retribuir
para a sociedade em forma de serviços, sendo que o “serviço” que prestamos é
passar o conhecimento de Biologia para as pessoas. A EB funciona da seguinte
forma: recebemos visitas escolares, tanto de escolas públicas (onde a visita
não tem nenhum custo para a escola) quanto de escolas particulares (onde há um
custo de visita para a escola), dentre as atividades tratamos os mais variados
temas, como evolução, diversidade, sustentabilidade, sexualidade e muitos
outros. Temos um espaço físico onde realizamos as visitas, reuniões e
manutenções para cuidar de nossos materiais, alguns deles vivos. Mas realizamos
também diversos eventos entre nós, como discussões, cine-debates, rodas de
conversa etc.
AS: A CAMBIO faz
projetos fora de São Paulo?
PY: Não há projetos fixos fora de São Paulo. Porém quando há alguma
demanda fora de São Paulo que algum de nossos projetos ou ações podem atender
nós nos deslocamos.
13. Quantas pessoas, em média, fazem parte da Comissão?
Em média de 30 a 35 pessoas, porém nem todas são efetivamente
ativas.
AS: Vocês possuem
parceria com alguma ONG?
PY: Não temos parceria fixa com ONGs, mas, quando algum de nossos
projetos atendem as demandas de alguma ONG e podemos ajudar nós nos
articulamos. É o caso da feira de trocas de livros. Muitas pessoas doam livros
ou deixam mais livros do que pegam, então o excedente nós doamos para alguma
ONG que aceite esses livros; as campanhas do agasalho e brinquedos também,
quase sempre a arrecadação vai para uma ONG. Procuramos variar as ONGs, ou
seja, evitamos doar todos os anos para um mesmo local, para atender o maior
numero de pessoas diferentes possível.
AS: Desde quando a Comissão organiza atividades e projetos?
PY: A CAMBIO é ativa desde sua fundação, no ano de 2009.
AS: Existe um público – alvo?
PY: Dependendo do projeto as ações são direcionadas a um publico
alvo específico, como por exemplo, a campanha de brinquedos é direcionada para
crianças. Mas se não há esse direcionamento tentamos impactar o maior numero de
pessoas possível.
Reportagem: Amanda Sodré Soares e Carolina Gouveia Martins Araujo