Após sucessivos atrasos, a ligação sobre trilhos entre a
cidade de São Paulo e o Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, deve ser inaugurada
no 1º Semestre de 2018. Mas os passageiros otimistas com o novo prazo já
devem se preparar para lidar com improvisos no trajeto do desembarque do trem à
entrada dos terminais de voo.
A chegada pela nova linha da CPTM será numa estação perto do terminal 1 (com voos da Azul e
da Passaredo), mas longe dos principais embarques –a cerca de 2 km do terminal
2 e a 3 km do terminal 3.
Pelo acordo firmado com a gestão Geraldo Alckmin, a
concessionária do aeroporto prometia um monotrilho para fazer essa
transferência. Mas a obra, orçada em US$ 40 milhões, nem sequer começou –e não
deverá ficar pronta a tempo.
Segundo a Folha apurou, a GRU Airport, responsável pelo Aeroporto desde 2012, admitiu a membros do governo que levará pelo menos 18
meses a mais que a abertura da estação para concluir o monotrilho e transportar,
gratuitamente, passageiros aos seus destinos finais em Cumbica.
Uma alternativa provisória mencionada por técnicos da
companhia seria a extensão do ônibus entre terminais até a estação da CPTM.
Pesa contra essa ideia, contudo, o descompasso entre a
quantidade de pessoas transportadas por um trem (até 2.600) e por um ônibus
(até 80), além do atual intervalo de até 15 minutos entre as viagens entre
terminais. Um monotrilho tem capacidade para transportar mais de 400 pessoas
por deslocamento.
Em nota, a GRU Airport afirmou que "está avaliando as
alternativas técnicas" e que o "cronograma do projeto" –não
especificamente do monotrilho, mas de alguma opção de transferência– "está
em linha com o prazo de entrega das obras" da CPTM.
O projeto original do Estado previa a construção da estação
em distância que os passageiros pudessem caminhar até as áreas de check-in. Ele
acabou revisto após a decisão da concessionária de construir um shopping no
local escolhido e seu compromisso de, em troca, transportar os usuários aos
terminais.
Ligação com o Centro de São Paulo
A viagem de trem do Centro de São Paulo até Cumbica deve levar
aproximadamente meia hora. O intervalo de partida entre os trens será de oito
minutos. A tarifa será igual à do resto do sistema metroferroviário –atualmente
em R$ 3,80.
Um ônibus executivo para esse trajeto custa R$ 45,50.
Atualmente, a única opção para quem deseja ir até Cumbica usando transporte
público coletivo é um ônibus da EMTU que sai da Estação Tatuapé, com preço de R$ 5,55.
Com a futura obra, a integração entre metrô e trem será
feita na estação Brás, onde o passageiro deverá pegar a Linha 12-Safira até a Estação Engenheiro Goulart, ponto inicial da nova linha, na zona leste de São
Paulo. De lá, seguirá por 12 km pela Linha 13-Jade até Cumbica.
Para chegar ao destino final, a obra precisa superar
desafios de engenharia, como a Folha de São Paulo verificou na primeira visita monitorada à Linha 13-Jade. Haverá pontes sobre o Rio Tietê, sobre o Rio Baquirivu, já em
Guarulhos, e sobre as Rodovias Ayrton Senna, Dutra e Hélio Smidt –que dá acesso
ao aeroporto.
O investimento do Estado nas obras é de R$ 1,8 bilhão. As
estimativas iniciais previam 130 mil pessoas transportadas por dia na nova
linha –mas técnicos avaliam que a demanda hoje tende a ser maior, entre
passageiros e funcionários do aeroporto.
Promessa antiga
Em nota, a GRU Airport informa que "está avaliando as
alternativas técnicas" e que o "cronograma do projeto" –não
especificamente do monotrilho, mas de alguma opção de transferência– "está
em linha com o prazo de entrega das obras" da CPTM.
Quatro anos atrás, o próprio grupo havia informado que a
escolha mais provável era um monotrilho, "com cerca de dois quilômetros de
extensão e custo estimado de US$ 40 milhões".
Além de receber intenso fluxo de passageiros, o aeroporto de
Guarulhos é também o destino de mais de 35 mil trabalhadores, entre empregos
diretos e indiretos. Por seu porte e pelo vasto número de voos internacionais
que oferece, ligá-lo ao centro de São Paulo por trilhos, a exemplo do que
acontece em grandes metrópoles internacionais, é uma velha promessa de gestões
tucanas.
Idas e vindas
A conexão ferroviária é anunciada há pelo menos 14 anos. Em
2002, durante campanha pela reeleição, o Governador Geraldo Alckmin
manifestava desejo de ter um "Expresso Aeroporto" pronto em 2005.
Tratava-se de um projeto de ligação direta da estação da Luz até Cumbica em 22
minutos. O trem teria local para acomodar bagagem e tarifa estimada à época em
R$ 20.
O plano não teve andamento, contudo, e foi reciclado em
2007, já na gestão de José Serra. Prometia-se financiar a obra com
recursos do Governo Federal e da iniciativa privada, com expectativa de entrega
em 2010. Ainda em 2009, no entanto, nova admissão de fracasso: o trem expresso
seria incluído no pacote de obras para o país receber a Copa do Mundo de 2014, mas não
houve empresas interessadas no projeto.
Por fim, em 2011, outra vez sob o comando de Alckmin, o
governo paulista abandonou a ideia do trem expresso e optou por expandir a
malha da CPTM até Guarulhos, com a criação da Linha 13-Jade. Desde então, houve
ao menos três atrasos em relação aos prazos de entrega da linha, já anunciada
para 2014, 2015 e 2016.
Fonte da Notícia: Revista Ferroviária
Nenhum comentário:
Postar um comentário