Os casos de assédio sexual em trens do Metrô e da CPTM
dobraram nos últimos 4 anos. O SPTV teve acesso aos dados pela Lei de
Acesso à Informação. O número de casos de assédio passou de 80, em 2011,
para 168, em 2015. Nesse período, foram registrados dez estupros e 564
suspeitos acabaram detidos.
Para o Metrô, as campanhas de combate a esse crime têm ajudado as
mulheres a criar coragem para denunciar. Já as mulheres dizem que não
aguentam mais e por isso se recusam a ficar caladas.
Mulheres, que sabiam que estavam sendo gravadas, contaram casos à
reportagem durante uma viagem no Metrô no horário de pico, quando os
trens estão lotados. "Uma história de esbarrar e passar a mão. Você sabe
que é na maldade. Mas eu consegui escapar”, disse a bancária Mainá
Moratori.
Milena Trindade, auxiliar administrativa, afirma que sofre assédio
frequentemente. “Toda semana acontece, principalmente quando a gente
pega na Sé. Eles aproveitam, eles colocam a jaqueta e ficam
assediando", afirmou.
A recepcionista Priscila de Abreu foi vítima de abuso há treze anos, em
um Metrô lotado. "O rapaz passou a mão em mim. Ele estava na parte de
trás com o paletó nas costas. Eu falei com ele, dei uma cotovelada e saí
do Metrô, na estação."
É difícil achar mulheres que nunca tenham levado um esbarrão mal
intencionado no aperto do transporte público ou que não tenham visto uma
situação como essa. A supervisora de vendas Patrícia de Freitas conta
que usa a bolsa para se proteger. “Eu sempre coloco ela de lado e
procuro ficar sempre de lado, pra ninguém ficar encostando. Se eu vejo
algum homem próximo, eu tento sair de perto, com medo de assédio",
afirmou.
A vendedora Priscila Ramos também já viu casos de assédio e ficou tão
chocada que agora só pega o Metrô quando chove. "Depois que aconteceu
isso, tipo assim, a gente fica com medo de acontecer com a gente, porque
às vezes a gente não tem coragem de falar, de virar. A gente acaba
aguentando por vergonha".
O Metrô tem uma campanha para incentivar as mulheres a denunciar os
abusos desde 2014. Para o chefe de segurança do Metrô, Rubens Menezes, é
por isso que o número de registros aumentou.
"Muitas ocorrências, você atende a mulher, atendia na verdade, e ela
não queria fazer o registro. Hoje, nós fazemos todo um trabalho
específico para estimulá-la a fazer o registro", afirmou.
Para Paula Medeiros, analista de treinamento, muitas mulheres já não
aguentam os abusos caladas. "Eu acho que o fato de isso estar vindo à
tona significa que a gente quer uma mudança. Uma mudança de
comportamento, de ação, de punição também", disse.
Se você for vítima ou se perceber um caso de assédio nos trens, o
melhor caminho é procurar imediatamente um funcionário do Metrô ou da
CPTM na estação mais próxima.
Fonte da Notícia: G1-SP
Imagem: Fiquem Sabendo
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