Pesquisa

terça-feira, 9 de agosto de 2016

CPTM e seu problema de comércio ilegal nos trens e estações da Linha 10-Turquesa

A tentativa da CPTM e da SPTrans para inibir o comércio ilegal do Bilhete Único não surtiu efeito no Grande ABC. Menos de uma semana após a restrição de recarga nas modalidades diária e semanal para usuários cadastrados e com identificação, a equipe do Diário do Grande ABC flagrou a venda irregular de passagens nas Estações Prefeito Celso Daniel-Santo André e Mauá.

Semana passada, sete comerciantes foram observados atuando livremente na frente da Estação Prefeito Celso Daniel-Santo André. A revenda de créditos do Bilhete Único atrai um terço dos usuários do trem. Durante dez minutos de observação, a equipe do Diário registrou 91 passageiros utilizando os dois guichês oficiais da CPTM, enquanto 28 preferiram a aquisição da passagem por meio dos vendedores ilegais. Em conta rápida, considerando o preço de venda de R$ 3,50 por crédito de embarque, os ambulantes chegam a lucrar até R$ 600 por hora.

O esquema, já denunciado em diversas ocasiões pelo Diário, permanece o mesmo. Vendedores se espalham pela calçada na entrada da estação de trem e abordam os usuários com a oferta de passagens R$ 0,30 mais baratas – a tarifa oficial custa R$ 3,80. Os ambulantes recebem o dinheiro e entregam o cartão do Bilhete Único para o passageiro, que é orientado a passar pela catraca e devolver o passe por meio do portão giratório da parada ferroviária.

“Sei que é ilegal, mas tem horas em que você não tem opção. Prefiro comprar deles e chegar no horário no trabalho do que pegar uma fila enorme e me atrasar”, relata o analista de recursos humanos Douglas de Andrade, 24 anos.

Embora seguranças da CPTM se posicionem na entrada da estação de trem, usuários e vendedores não se inibem e realizam a prática ilegal com tranquilidade. “Prefiro dar dinheiro a eles, que são pais de família, do que para um sistema que não pensa no usuário”, avalia a atendente de telemarketing Renata Pereira da Silva, 21.

Mauá

O comércio ilegal também é constatado na entrada da Estação Mauá. No local, ambulantes aproveitam as longas filas de passageiros para oferecer o bilhete de papel por preço superior ao praticado nos guichês – varia de R$ 4,00 a R$ 4,50. Embora a tarifa seja mais alta do que a oficial, usuários não se incomodam em adquirir a passagem pelo mercado paralelo para economizar tempo.

Segundo a CPTM, a equipe de segurança da companhia tem realizado fiscalizações nas linhas de bloqueios das estações visando evitar irregularidades que possam ser cometidas, inclusive no uso de bilhetes. Nos dois primeiros dias de agosto foram apreendidos 111 cartões devido ao uso irregular em todo o sistema.

Venda de créditos é considerada crime pela lei

Segundo a legislação brasileira – 7.418/85 –, somente o dono do Bilhete Único pode usar o cartão. Portanto, vender os créditos caracteriza ação ilegal. A prática é considerada crime contra a economia popular.

Atualmente, os envolvidos flagrados comercializando passagens dos cartões magnéticos com benefícios (gratuidade ou valor reduzido de passagem) são conduzidos ao distrito policial.

A CPTM informa que todos os bilhetes apreendidos são remetidos aos órgãos responsáveis pela sua gestão para sanções administrativas dos proprietários dos passes. Em nota, a companhia afirma que está colaborando com as autoridades policiais, responsáveis pelas investigações desse tipo de fraude.

Em Julho de 2016, por exemplo, a Polícia Civil de São Paulo prendeu seis pessoas e apreendeu um menor por envolvimento em um esquema de fraude do Bilhete Único. Segundo a polícia, o grupo utilizava software capaz de desviar dinheiro das recargas dos cartões magnéticos. “O esquema é grande e tem causado prejuízo enorme à SPTrans. É uma nova modalidade de crime”, observou, em nota a autoridade policial.

Fonte da Notícia: Diário do Grande ABC

Nenhum comentário:

Postar um comentário