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quinta-feira, 17 de julho de 2014

Linha 7-Rubi: Trens Velhos, Estação sem Acessiblidade... Rumo ao Abandono

Trem Série 1700 na Linha 7-Rubi. Um dos trens mais condenados a aposentadoria
Inaugurada no ano de 1867, sem a menor pretensão de transportar passageiros pelo então império de D. Pedro II, a Linha 7 – Rubi recebeu diversas funções ao longo do tempo e chega em 2014 com uma demanda aproximada de 452 mil usuários por dia. Devido à sua importância para a cidade de São Paulo, a Folha Noroeste acompanhou o percurso da linha e ouviu a opinião de dezenas de usuários sobre as superlotações e os vãos existentes entre os trens e as plataformas

O ponto crítico que atrapalha a maior parte da população ocorre nos horários de pico, principalmente entre as estações Barra Funda e Caieiras. De acordo com a enfermeira Hildete Menezes, essa grande quantidade de pessoas prejudica também o acesso às composições: “Na Estação Vila Clarice, o desnível é muito grande na plataforma. Ainda mais eu que tenho problema no joelho, a situação fica muito difícil”.

Dentre as 18 estações da Linha 7-Rubi, a mencionada por Hildete, no sentido Luz, apresenta o maior espaço entre o trem e a plataforma. Quando comparada à mais nova estação Vila Aurora (inaugurada em setembro de 2013), a da Vila Clarice perde em quase todos os quesitos. Na Vila Aurora há total acessibilidade para deficientes e pessoas com mobilidade reduzida, além de escadas rolantes para facilitar o fluxo e acesso dos passageiros.

Devido ao período eleitoral, nenhum diretor ou representante da CPTM pôde falar com nossa equipe de reportagem, mas a companhia emitiu uma nota à Folha Noroeste e afirmou que essa estação será reconstruída futuramente após a conclusão de projetos realizados para corrigir os problemas apontados pelos usuários.

Em virtude de sua extensão, com mais de 61 quilômetros de trilhos, e a abrangência em sete municípios, a Linha 7-Rubi agrada quem a utiliza diariamente por oferecer velocidade e curto intervalo entre os trens na chegada a seus destinos. “Conheço essa linha há quase 40 anos e acompanhei de perto sua modernização para melhor. O percurso é eficiente e tenho conseguido sempre chegar no horário nos compromissos que marco”, afirma o aposentado José Guimarães, de 74 anos.

Segundo a CPTM, essa agilidade deve-se aos investimentos feitos nos últimos anos. Somente em 2014, a Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos destinou R$ 74,8 milhões para a linha, o que permitiu ao órgão fazer com que os intervalos cheguem a apenas quatro minutos nos horários de pico.

Estação Vila Clarice não possui acessibilidade nenhuma para os usuários

Apesar da rapidez no transporte, ainda há pessoas que preferem o conforto de seus automóveis a encarar as superlotadas plataformas da Companhia. Maurício Fernandes, empresário que mora em Perus e trabalha no bairro da Lapa, é mais um paulistano que rejeita a ideia de ficar “preso numa sardinha”, como ele próprio diz, mesmo sob o risco de enfrentar congestionamentos pela cidade. “Já andei diversas vezes de trem, mas definitivamente não compensa. Saio mais cedo da minha casa para não perder a hora, mas se fosse na Linha 7-Rubi, mal conseguiria embarcar devido à enorme quantidade de pessoas”, finaliza Fernandes.

Uma das previsões da CPTM para melhorar a qualidade dos serviços metropolitanos é a desativação dos cargueiros utilizados pela empresa MRS em algumas linhas da Companhia, entre elas a 7 –Rubi. Para essa completa modernização, é necessária a conclusão do projeto Ferroanel, do governo federal, que - a exemplo do Rodoanel - pretende desviar o tráfego de cargas e deixar os trilhos exclusivamente para a população.

Entretanto, as promessas de modernização são tão antigas quanto os trens que percorrem a linha - velhos, sucateados e vandalizados, com portas que não fecham direito e vidros riscados. Segundo relatos de usuários, poucas composições apresentam ar-condicionado. Por outro lado, superlotação – dentro e fora dos trens – e desconforto já fazem parte do cotidiano desses passageiros, que convivem com o descaso do poder público há várias administrações.

Neste ano, por exemplo, tendo em vista a abertura da Copa do Mundo na Arena Corinthians, em Itaquera,  a Linha 11-Coral, que faz o percurso entre as estações da Luz e Guaianazes, na zona leste, recebeu novos veículos, com ar-refrigerado e passagem entre os vagões, para reforçar o Expresso Leste. A própria Linha 8-Diamante, que passa por bairros como Leopoldina, Barra Funda e Lapa, já teve sua frota renovada integralmente. Enquanto isso, a Rubi aguarda a sua vez na fila, já que apenas metade dos trens que operam na linha é do novo modelo – segundo informações da CPTM -, o que comprova a reclamação de muitos leitores.

“Na Estação Vila Clarice, o desnível é muito grande na plataforma” (Hildete Menezes, passageira da Linha 7-Rubi)

Fonte da Notícia: Folha de SP
Imagem: Felipe Golfeto
Créditos da Imagem Reservados ao Autor

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