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segunda-feira, 5 de maio de 2014

Designer gráfico cria aplicativo para denunciar abusos sexuais

Bastaram alguns minutos observando a quantidade de mulheres conectadas ao celular durante o trajeto de metrô na capital paulista para que o designer gráfico Edgar Alves Ribeiro, de 31 anos, natural de Piedade (SP), começasse a pensar em uma maneira de ajudar a combater os abusos sexuais sofridos dentro dos vagões lotados. "Muitas estavam distraídas com jogos e aplicativos. Uma ferramenta para esses smartphones poderia resolver grande parte do problema nos metrôs e linhas de ônibus", explica.

Para ajudá-las a apontar (e até mesmo punir) os agressores em poucos segundos e de maneira discreta, Edgar criou o Griite, um aplicativo capaz de iniciar um processo de denúncia através de um simples toque no celular. O botão central fica parado na tela e tem o tamanho ideal para possibilitar que 90% do processo seja feito com a mão escondida dentro da bolsa ou de uma sacola.

Após a aproximação, a câmera do celular é ativada e o aparelho vibra avisando que está pronto para a captura de uma foto - a tela inteira do aparelho se transforma em um único botão para captação da imagem. "A mulher deve fotografar discretamente, selecionar e recortar apenas o rosto do agressor e pressionar o botão Enviar", esclarece o designer gráfico.

A denúncia fica à espera de confirmação e, 30 minutos depois, a mulher recebe uma mensagem orientando-a a complementar a denúncia com algumas informações. "À primeira vista não parece ser um relato detalhado, mas o cruzamento das informações com outros dados pode combater e inibir os abusos", ressalta.

Em fase de finalização do projeto, Edgar explica que, uma vez no mercado, a intenção é disponibilizar o aplicativo gratuitamente. As interessadas devem se cadastrar na página do aplicativo para, em seguida, personalizá-lo da maneira que acharem melhor.

Apesar de ser praticamente impossível prender todos os abusadores, explica Edgar, o objetivo do projeto é inibi-los para que cada vez menos seja preciso combater o crime. "Os resultados são de interesse público, sem esse levantamento dificilmente haverá mudanças", acredita.

Os casos recentes de abuso sexual no metrô são, para o piedadense, um problema social que pode causar impactos em diversos setores, como segurança pública, comportamento, posicionamento psíquico, responsabilidade, direito e deveres e discriminação de gênero. "Caberia ao metrô proporcionar tranquilidade as suas consumidoras. Por isso, o Griite tem uma função social importante no combate a um dos mais violentos abusos que o ser humano pode sofrer", continua.

Denúncia anônima ou identificada

Na essência da palavra, continua Edgar, o nome do aplicativo transmite reação. "É para mulheres com atitude inteligente. Como um 'grito mais alto' por providências e transformações." Além de funcionar de maneira simples, rápida e segura, a ferramenta foi elaborada para evitar possíveis equívocos, constrangimentos, retaliações e falsas denúncias.

Antes de tirar o projeto do papel, Edgar conversou com 25 mulheres de idades diferentes para entender as principais dificuldades enfrentadas por elas dentro do transporte lotado. Cerca de 98% delas demonstraram empatia com o produto logo de cara.

Segundo ele, a maioria das entrevistadas ficou interessada em denunciar anonimamente e a minoria disse que gostaria de dar andamento à denúncia em uma delegacia, por isso escolheria fazer a denúncia identificada. "Mesmo dominando alguns princípios sobre desenvolvimento de aplicativos, também resolvi consultar alguns amigos com maior domínio do assunto", conta.

Caso prefira, a usuária terá a opção 'Denúncia Anônima' sempre ativa. "E a privacidade de quem denuncia anonimamente será mantida sob sigilo e proteção de um sistema bastante complexo", explica Edgar.

Em casos nos quais a vítima pretende dar andamento ao processo junto às autoridades, permitindo ser contatada para o reconhecimento do abusador e quando ele for capturado, no entanto, é necessário selecionar a opção de Denúncia Identificada.
 
Fonte da Notícia: G1

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