Mesmo sem prazo
definido, a CPTM promete
encerrar o compartilhamento dos trilhos entre composições de passageiros
e de carga "num futuro próximo". Das seis linhas, apenas uma é
exclusiva para transporte de usuários. Cerca de 70 trens de carga passam
pela rede diariamente. Segundo especialistas, o acidente de ontem na
Linha 7-Rubi é resultado da estagnação da rede paulista.
A
CPTM informou, em nota, que o compartilhamento existe por causa de um
convênio com o governo federal, firmado em sua fundação, em 1992. A
única linha que não divide os trilhos é a 9-Esmeralda (Osasco-Grajaú). O
transporte de carga é realizado à noite, entre 22h e 3h, e das 10h às
15h. A quantidade de carga transportada, por mês, é de 2,9 milhões de
toneladas.
Segundo
a empresa, com a modernização do sistema, o transporte de carga será
inviabilizado. "A velocidade com que (os trens de carga) circulam é
incompatível com os intervalos e velocidade dos trens de passageiros, o
que acarreta alterações na circulação", afirmou a CPTM, que aponta a
construção do Ferroanel como principal alternativa.
Creso
de Franco Peixoto, mestre em Transportes da FEI, lembra que os descarrilamentos não são fatos
corriqueiros, mas o risco existe mesmo quando a circulação ocorre em
velocidade reduzida, como é o caso dos trens da CPTM.
A
solução, afirmou, é restringir ainda mais a passagem de trens de carga.
"É preciso analisar se há muitos cruzamentos entre trens e, se
possível, modificar para a madrugada, para tentar diminuir ao máximo a
frequência", disse Peixoto.
Para
o consultor em transportes Josef Barat, o acidente é uma consequência
da estagnação de investimentos em ferrovias. "O compartilhamento de vias
entre trens de carga e de passageiros é um problema estrutural e que já
existe há muitas décadas", afirmou. "Mas não se pode atribuir a culpa
apenas ao Estado, pois os investimentos dependem também do governo
federal. A prioridade foi investir no Rodoanel."
Exemplo
Diretor-presidente
da EMTU no fim da década
de 1970, Barat disse que não há o mesmo problema em países
desenvolvidos. "Lá, não há esse tipo de compartilhamento, investe-se em
eficiência e, para isso, criam-se linhas próprias para cada tipo de
transporte", afirmou.
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