Os governos de Minas Gerais e de São Paulo preparam sete linhas de
trens regionais. Os dois Estados já tiveram malha extensa de transporte
de passageiros, desativadas nos últimos 20 anos, mas que continuaram
sendo aproveitadas pelo transporte de cargas. Para voltar a receber
passageiros, os projetos preveem investimentos de R$ 2 bilhões em Minas e
de R$ 25 bilhões em São Paulo nos próximos anos. Somadas, as linhas vão
transportar mais de 700 mil passageiros/ dia.
Em Minas, o governo prepara três ramais ferroviários na região
metropolitana de Belo Horizonte, que vão ligar 23 municípios. O projeto
será operado por meio de Parcerias Público-Privadas (PPPs). O governo do
Estado abriu edital e as empresas devem apresentar projetos até o fim
deste mês. O lote 1 prevê a ligação Sete Lagoas-Belo Horizonte-
Divinópolis e vai atender 1 milhão de habitantes que vivem no entorno da
linha
"São trechos operados parcialmente pelo transporte de cargas. Algumas
áreas estão abandonadas desde 1993, mas ainda mantêm a faixa de
domínio", diz o diretor de planejamento metropolitano da Agência de
Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte, Adrian
Machado Batista.
O lote 2 compreende o trecho Brumadinho-Belo Horizonte-Águas Claras, e
o lote 3 liga Belo Horizonte, Sabará, Conselheiro Lafaiete e Ouro
Preto. o governo de Minas prevê consulta pública e licitação do projeto
no segundo semestre. A assinatura dos contratos e o início das
intervenções estão previstos para 2014 com duração de um ano e meio. As
três linhas transportarão cerca de 120 mil pessoas por dia.
Segundo Marcos Siqueira, coordenador da unidade de PPP de Minas, "a
reativação dessas linhas resolve os maiores problemas de transporte
metropolitano de Belo Horizonte". Os projetos contarão com subsídio
público para garantir viabilidade econômico-financeira. "Será uma
parceria entre governo e empresa para garantir mobilidade na região
metropolitana. Haverá um custo-benefício alto", diz.
Em São Paulo, o governo do Estado prevê quatro linhas: São Paulo,
Mauá, São Caetano, Santo André e Santos; Jundiaí- Campinas; Taubaté-São
José dos Campos e Sorocaba.
Ao todo, serão 431 quilômetros de ferrovias, aproveitando malhas
existentes e construindo novos trechos. O número de passageiros
transportados deve chegar a 465 mil diariamente, segundo estimativas
iniciais.
Em novembro de 2012, o banco BTG Pactual e a Estação da Luz
Participações (EDLP) apresentaram molde para o projeto e o governo do
Estado abriu a possibilidade para que outras empresas interessadas
apresentem projetos. O prazo termina em junho. Na sequência ocorrem
consultas públicas, com lançamento do edital e início das obras,
previsto para 2014.
"Os trechos para Jundiaí e ABC já têm projeto executivo em andamento e
estão mais adiantados. Essas linhas já começam a ser tocadas pelo
governo do Estado. Quando as empresas assumirem o projeto, os
desembolsos do poder público nessa fase inicial contam como
contrapartida", explica o secretário de Transportes Metropolitanos de
São Paulo, Jurandir Fernandes. Os projetos serão feitos por fases. As
primeiras linhas estão previstas para entrarem em operação em 2016 e as
últimas em 2020.
"As estradas estão no limite da capacidade. Há grande
congestionamento de veículos no acesso a São Paulo. Esses são os
primeiros trechos que queremos tirar do papel. Há vários projetos que
estudamos fazer posteriormente", diz Fernandes.
Há ainda o projeto de um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) ligando
Praia Grande, São Vicente e Santos, com 17 quilômetros de extensão na
fase inicial e 35 quilômetros na fase final, em que chega até o Guarujá.
A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU)
prevê lançar em maio o edital de concessão do Sistema Integrado
Metropolitano. A estimativa é que circulem 246 mil passageiros por dia
útil. O projeto é estimado em R$ 7,5 bilhões. O contrato de assinatura
com a empresa que deve operar o trecho está previsto para novembro e as
obras devem ter início em 2014.
Com tantos projetos previstos, a expectativa da indústria ferroviária
é de nova retomada do setor. "Depois do ostracismo vivido nas décadas
de 80 e 90, o setor voltou a se aquecer em 2003 com o plano de
revitalização de ferrovias do governo federal, e em 2007 com as obras de
metrô de São Paulo. Agora, os trens regionais devem marcar novo momento
de alta de demanda", diz o presidente da Associação Brasileira da
Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate.
Abate prevê que o setor feche a década com mais 3 mil quilômetros de
ferrovias que servem passageiros. Os cálculos levam em conta os trens
regionais, de transporte urbano e o trem de alta velocidade (TAV). Hoje
são mil quilômetros, a maioria de trens urbanos. Os projetos, segundo
Abate, devem gerar encomendas de 4 mil vagões para o segmento até 2020.
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