A tentativa da CPTM e da SPTrans para inibir o comércio ilegal do Bilhete Único
não surtiu efeito no Grande ABC. Menos de uma semana após a restrição
de recarga nas modalidades diária e semanal para usuários cadastrados e
com identificação, a equipe do Diário do Grande ABC flagrou a venda irregular de
passagens nas Estações Prefeito Celso Daniel-Santo André e Mauá.
Semana passada, sete comerciantes foram observados
atuando livremente na frente da Estação Prefeito Celso Daniel-Santo
André. A revenda de créditos do Bilhete Único atrai um terço dos
usuários do trem. Durante dez minutos de observação, a equipe do Diário
registrou 91 passageiros utilizando os dois guichês oficiais da CPTM,
enquanto 28 preferiram a aquisição da passagem por meio dos vendedores
ilegais. Em conta rápida, considerando o preço de venda de R$ 3,50 por
crédito de embarque, os ambulantes chegam a lucrar até R$ 600 por hora.
O esquema, já denunciado em diversas ocasiões pelo
Diário, permanece o mesmo. Vendedores se espalham pela calçada na
entrada da estação de trem e abordam os usuários com a oferta de
passagens R$ 0,30 mais baratas – a tarifa oficial custa R$ 3,80. Os
ambulantes recebem o dinheiro e entregam o cartão do Bilhete Único para o
passageiro, que é orientado a passar pela catraca e devolver o passe
por meio do portão giratório da parada ferroviária.
“Sei que é ilegal, mas tem horas em que você não tem
opção. Prefiro comprar deles e chegar no horário no trabalho do que
pegar uma fila enorme e me atrasar”, relata o analista de recursos
humanos Douglas de Andrade, 24 anos.
Embora seguranças da CPTM se posicionem na entrada da
estação de trem, usuários e vendedores não se inibem e realizam a
prática ilegal com tranquilidade. “Prefiro dar dinheiro a eles, que são
pais de família, do que para um sistema que não pensa no usuário”,
avalia a atendente de telemarketing Renata Pereira da Silva, 21.
Mauá
O comércio ilegal também é constatado na entrada da Estação Mauá. No local, ambulantes aproveitam as longas
filas de passageiros para oferecer o bilhete de papel por preço superior
ao praticado nos guichês – varia de R$ 4,00 a R$ 4,50. Embora a tarifa
seja mais alta do que a oficial, usuários não se incomodam em adquirir a
passagem pelo mercado paralelo para economizar tempo.
Segundo a CPTM, a equipe de segurança da companhia
tem realizado fiscalizações nas linhas de bloqueios das estações visando
evitar irregularidades que possam ser cometidas, inclusive no uso de
bilhetes. Nos dois primeiros dias de agosto foram apreendidos 111
cartões devido ao uso irregular em todo o sistema.
Venda de créditos é considerada crime pela lei
Segundo a legislação brasileira – 7.418/85 –, somente
o dono do Bilhete Único pode usar o cartão. Portanto, vender os
créditos caracteriza ação ilegal. A prática é considerada crime contra a
economia popular.
Atualmente, os envolvidos flagrados comercializando
passagens dos cartões magnéticos com benefícios (gratuidade ou valor
reduzido de passagem) são conduzidos ao distrito policial.
A CPTM informa que todos os bilhetes apreendidos são remetidos aos órgãos
responsáveis pela sua gestão para sanções administrativas dos
proprietários dos passes. Em nota, a companhia afirma que está
colaborando com as autoridades policiais, responsáveis pelas
investigações desse tipo de fraude.
Em Julho de 2016, por exemplo, a Polícia Civil de São
Paulo prendeu seis pessoas e apreendeu um menor por envolvimento em um
esquema de fraude do Bilhete Único. Segundo a polícia, o grupo utilizava
software capaz de desviar dinheiro das recargas dos cartões magnéticos.
“O esquema é grande e tem causado prejuízo enorme à SPTrans. É uma nova
modalidade de crime”, observou, em nota a autoridade policial.
Fonte da Notícia: Diário do Grande ABC
Nenhum comentário:
Postar um comentário