Imagem da Greve na CPTM em 2014 |
Após quatro horas de negociação, os ferroviários e a CPTM não chegaram a um acordo sobre o
reajuste salarial e dos benefícios. Foram quatro propostas diferentes
até chegar ao índice de 8,5%, que a categoria indicou aceitar. No
entanto, após consultar a diretoria da empresa, os representantes da
CPTM disseram que as propostas finais da companhia eram 8,25% – inflação medida pelo IPC da Fipe mais 1,5% de ganho real – para salário e benefícios ou 7,72% de reajuste e 10% em todos os benefícios.
“É muita intransigência. Estamos com a proposta na
mesa há 90 dias. Já retiramos vários itens da pauta. Nos comprometemos a
levar para assembleia os 8,5% linear. Menos que isso eu não posso
garantir. Não há como defender isso com os trabalhadores”, afirmou Eluís Alves de Matos,
presidente do Sindicato dos Ferroviários de São Paulo – um dos quatro
que representam a categoria – indicando manter a indicação de
paralisação para amanhã (3).
Com isso, diferente do que ocorreu ontem (01/06/2015) com os
metroviários, os ferroviários podem confirmar a decisão de greve. As
assembleias vão ocorrer hoje, a partir das 18h. Como são quatro
sindicatos – Ferroviários de São Paulo, da Zona Sorocabana, da Central
do Brasil e Engenheiros – as reuniões são em locais diferentes.
Porém os trabalhadores terão de resolver um impasse:
Se aprovarem a greve, provavelmente, não haverá mais negociações no TRT.
O caso será levado a julgamento de dissídio. Se não fizerem, terão de
esperar mais dez dias pela próxima reunião, que pode não trazer
avanços. Na semana passada, a empresa havia melhorado a proposta
inicial de reajuste 6,65% para 7,72%, também aplicável a todos os
benefícios.
Hoje o desembargador Wilson Fernandes, que faz a
mediação das negociações, propôs 8,5%, aplicável a todos os itens, o que
elevaria o vale-refeição de R$ 600 para R$ 651. O vale-alimentação
chegaria a R$ 268, ante os atuais R$ 247. E a participação nos
resultados passaria ter valor mínimo de R$ 3.849, com o reajuste de 8,5%
aplicado também às parcelas fixa e variável.
Porém, a empresa manteve o índice de 8,25% para
salário e benefícios; ou, como opção, 7,72% aos salários e 10% em todos
os benefícios, sob alegação de que a situação financeira da empresa e o
momento econômico do país estão difíceis.
O desembargador propôs ainda uma fórmula de reajuste
de 7,72% no salário, 13,5% no vale-alimentação e 12% no vale-refeição. E
os trabalhadores chegaram a pedir 9,29%, equivalente à inflação medida
pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do IBGE, mais 1,5% e
equiparação dos benefícios com os valores pagos ao Metrô. Nenhuma delas
foi aceita.
Os trabalhadores consideram o índice de 8,5% a todos os itens defensável.
“Temos de considerar que esse valor vai ser aplicado sobre a
aposentadoria e o FGTS. E também sobre horas extras, adicionais noturno e
de insalubridade”, avaliou Eluís.
O magistrado, então,
manteve a proposta de 8,5% e pediu aos negociadores da CPTM que
continuem tentando discutir com a diretoria. Os trabalhadores disseram
que podem ser acionados por telefone até a hora das assembleias. Apesar
da iminência de declaração de greve, o desembargador marcou uma nova
audiência de negociação para o dia 11/06/2015. Fernandes pediu que os
trabalhadores evitem a deflagração da greve.
"A CPTM está sendo intransigente. O percentual
que falta equivale a cerca de 80% de um dia de arrecadação. Vai sair
mais caro enfrentar a greve. Inclusive, fazendo as contas, é claro que o
custo seria muito mais político do que financeiro", afirmou Fernandes,
ao final de reunião.
Fernandes cobrou a CPTM, ainda durante a reunião. “É preciso melhorar essa proposta. Se não pode mudar nada, não precisa instalar mesa de negociação”, afirmou, em resposta às contínuas argumentações dos representantes da empresa, de que não podiam aceitar mudanças pois as condições já haviam sido definidas pela empresa.
Além dessa divergência, os sindicalistas rechaçaram a
proposta da CPTM de condicionar o pagamento de Participação nos
Resultados (PR) ao cumprimento de metas, consideradas “inatingíveis”
pelos trabalhadores. A proposta é semelhante a apresentada ontem pelo
Metrô aos metroviários.
O pagamento mínimo do benefício já está atrelado a
duas metas: assiduidade do trabalhador e número de passageiros
transportados. No entanto, as parcelas fixa e variável teriam outras
metas, que foram discutidas apenas no conselho administrativo da
empresa. E que os trabalhadores não aceitam. A entrega da estação Poá e
do pátio Varginha, e a instalação de cabines seccionadoras nas estações
Grajaú e Pinheiros eram algumas delas.
“Essas metas não têm como ser atingidas. Não tem nem
orçamento para essa obra ainda. São coisas inatingíveis e que não
dependem dos trabalhadores”, afirmou o presidente do Sindicato dos
Engenheiros, Feres Mohamad Amin. “Por que colocar metas que são
inatingíveis? Aceitamos metas que tenham desafio, que a gente pode
correr atrás e conseguir”, completou Almeida.
O desembargador Fernandes concordou com os
trabalhadores e propôs que as metas sejam debatidas no núcleo de
negociação do tribunal.
Fonte da Notícia: Rede Brasil Atual
Imagem de Adamo Bazami
Fonte da Notícia: Rede Brasil Atual
Imagem de Adamo Bazami
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