A Polícia Federal concluiu o inquérito do caso do cartel dos trens em
São Paulo e encaminhou o caso para a Justiça Federal. No total, 33
pessoas foram indiciadas por: corrupção ativa, corrupção passiva,
cartel, crime licitatório, evasão de divisas e lavagem de dinheiro - os
crimes podem ser diferentes conforme o indiciado.
As empresas envolvidas teriam, entre 1998 e 2008, durante governos do
PSDB, feito um acordo para dividir entre elas contratos de reformas no
Metrô e na CPTM.
Entre os indiciados estão executivos que, na época, trabalhavam em
empresas multinacionais e também nacionais que, de acordo com a
investigação, faziam parte de um esquema que, pelos cálculos do
Ministério Público de São Paulo, provocou um rombo de R$ 834 milhões.
Também há ex-diretores da CPTM e o atual presidente da companhia.
A PF diz que era um jogo de cartas marcadas. As empresas não só
superfaturavam em até 30% o preço das obras e dos trens, como combinavam
qual delas faria a proposta vencedora de determinada licitação. Pelo
acordo, quem vencia a licitação subcontratava as perdedoras. Para o
esquema funcionar, as empresas pagavam propina a servidores públicos.
Segundo a PF, lobistas intermediavam os pagamentos.
O esquema foi denunciado pela Siemens. A multinacional alemã fez um
acordo com o Cade e, em
troca de não ser punida, revelou como funcionava o cartel.
Indiciados
No grupo de 33 indiciados estão os executivos:
No grupo de 33 indiciados estão os executivos:
1) Adilson Primo (ex-presidente da Siemens)
2) Ramon Fondevilla (na época do cartel, diretor-geral de transporte da Alstom)
3) Agenor Marinho Contente (então presidente da CAF)
4) Masao Suzuki (então vice-presidente da Mitsui)
5) Massimo Gianvina Bianchi (presidente da TTrans)
6) Serge Van Temsche (ex-presidente da Bombardier).
Também foram indiciados dirigentes e ex-dirigentes da CPTM:
7) João Roberto Zaniboni, que mantinha na Suíça uma conta com US$ 826
mil, dinheiro que promotores brasileiros e suíços suspeitam que tenha
sido de propina
8) Ademir Venâncio de Araújo, que tinha US$ 1,2 milhão num banco suíço.
A Suíça bloqueou a conta por suspeitar da origem do dinheiro. Eles
foram diretores da CPTM durante os governos de Mario Covas e Geraldo
Alckmin.
9) José Luiz Lavorente, que está na companhia desde 1999. Atuou nos
governos Covas, Alckmin e José Serra. É o atual diretor de operações da
CPTM.
10) Mário Manuel Bandeira que, hoje, no governo Alckmin, é o presidente da CPTM.
Na lista de indiciados também está:
11) Arthur Gomes Teixeira, da empresa Procint. Segundo promotores e a
Polícia Federal, era ele quem fazia a intermediação do pagamento da
propina entre as empresas e os funcionários públicos.
O PSDB de São Paulo declarou que é favorável às investigações e que
espera que elas sejam estendidas aos contratos de outros estados e do
governo federal. A empresa CAF não comentou o indiciamento. A Alstom
afirmou que o inquérito é sigiloso e que, portanto, não pode se
manifestar. A Bombardier e a Mitsui declararam que estão colaborando com
as investigações.
A assessoria da Daimler-Chrsyler informou que não havia nenhum
executivo da empresa pra comentar o caso. A Siemens afirmou que foi ela
que compartilhou com as autoridades os resultados de sua auditoria
interna que deram origem às investigações. E que sempre apoiou o total
esclarecimento do caso.
A CPTM informou que também está colaborando. E que os diretores
mencionados no relatório final da Polícia Federal negam qualquer prática
irregular. O advogado de Arthur Teixeira afirmou que o indiciamento não
tem nenhum fundamento. Massimo Bianchi, da TTrans, refutou as acusações
e disse que está à disposição das autoridades para dar esclarecimentos.
Entenda o caso
A investigação começou a partir de um acordo de leniência (ajuda nas investigações) feito em 2013 entre umas das empresas acusadas de participar do suposto cartel, a Siemens, e o Cade, órgão ligado ao Ministério da Justiça.
O desdobramento das investigações mostrou, no entanto, que o esquema
poderia estar funcionando muito antes da denúncia feita pela Siemens. O
suposto pagamento de propinas a governos no Brasil pela empresa Alstom
teria tido início em 1997, segundo apuração iniciada pela Justiça da
Suíça.
Em 2008, o jornal norte-americano "The Wall Street Journal" revelou
investigações em 11 países contra a Alstom por pagamento de propinas
entre 1998 e 2003. As suspeitas atingiam obras do Metrô e funcionários
públicos. Foi neste ano que o Ministério Público de São Paulo entrou no
caso, pedindo informações à Suíça e instaurando seu próprio inquérito.
Também em 2008 um funcionário da Siemens denunciou práticas ilegais no
Brasil à sede alemã, dando detalhes do pagamento de propina em projetos
do Metrô, CPTM de SP e Metrô DF. Em 2013, a Alstom recebeu multa
milionária na Suíça e um de seus vice-presidentes acabou preso nos
Estados Unidos.
No Brasil, a Siemens decidiu então fazer a denúncia ao Cade delatando a
existência do cartel. Em dezembro, a ação chegou ao Supremo Tribunal
Federal. A investigação se ampliou e mostrou que o esquema poderia ser
bem mais amplo do que se imaginava.
Em 2014, o Cade ampliou o processo e passou a investigar licitações (de
1998 a 2013) em mais locais, além São Paulo e Distrito Federal.
Entraram também nas apurações Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande
do Sul.
Ministério Público
Em Maio de 2014, o Ministério Público de São Paulo demandou indenização de R$ 2,5 bilhões para as empresas acusadas por formação de cartel e superfaturamento de contratos para reformas de 98 trens no metrô de São Paulo.
O promotor Marcelo Milani pediu a dissolução das empresas que teriam
participado do suposto cartel, a quebra dos sigilos fiscal e bancário
das empresas e dos ex-diretores do Metrô, e a indenização.
Fonte da Notícia e Imagem: G1
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