1. Lotação
A origem das falhas é o excesso de gente buscando
um serviço incapaz de atender todo mundo com conforto. Em 2011, o Metrô carregou
uma média de 2,7 milhões de pessoas por dia e a CPTM, 2,3 milhões. "Bilhete
único, economia aquecida, desemprego baixo. Os fatores para explicar a lotação
já são conhecidos", diz o professor Telmo Giolito Porto, do Departamento de
Engenharia de Trânsito da USP. Foram colocados mais trens para circular nas
linhas existentes. Segundo o governo, de 2010 para cá, foram 33 para o Metrô e
72 para a CPTM. Só que isso trouxe novos problemas.
2. Pouca energia
Os sistemas instalados nas linhas já existentes
passaram a ser usados por mais trens. E a fonte de energia do transporte, a
eletricidade, passou a ser compartilhada por mais composições. "Puxa-se mais
energia", explica o professor de Engenharia de Transportes da FEI Creso de
Franco Peixoto. "Mas tem linhas que não estão dando conta", completa o consultor
Horácio Augusto Figueira. A sobrecarga facilita a ocorrência de falhas
elétricas, o que está acontecendo principalmente na Linha 9-Esmeralda da
CPTM.
3. Idade
A falta de sintonia entre trens e sistemas fica
mais grave porque a CPTM usa um leito ferroviário que tem mais de 100 anos de
idade - parte é do século 19 -, diferentemente do Metrô. Por isso, grande parte
dos investimentos nas linhas já existentes é canalizada para troca de
transformadores elétricos, rede de transmissão de energia, postes e até
dormentes dos trilhos. São investimentos, no entanto, que só começaram a ser
feitos intensamente em 2008.
4. Pouco tempo para reformas
"O tempo útil que eles (CPTM) têm para fazer obras
é de apenas 2h diárias", diz o professor Telmo Porto. Isso porque os trens
funcionam das 4h à meia-noite todo dia. "Até entrar na via e sair, são 2h
perdidas por dia." Esse entra e sai diário também pode facilitar a ocorrência de
panes durante a operação, segundo especialistas. É que uma série de sistemas
precisa ser ligada e desligada a cada serviço simples, como troca de um poste.
Na terça-feira, a CPTM admitiu essa possibilidade ao justificar mais uma pane na
Linha 9-Esmeralda.
5. Atrasos em obras
O pouco tempo para executar obras de melhoria
arrasta o fim dos serviços e, assim, prolonga o problema. Dos 11 contratos de
manutenção assinados pela CPTM desde 2008, 8 tiveram de ser prorrogados. Segundo
a companhia, por falta de tempo. "A maior dificuldade na realização dos serviços
de modernização nas seis linhas está diretamente associada aos limites impostos
pela operação de transporte", afirmou a CPTM, garantindo que todos os contratos
estão com pelo menos 70% das obras concluídas.
6. Rede pequena
É o problema mais difícil: uma linha de metrô ou
trem leva, em média, oito anos para ficar pronta. O tamanho da rede
metro-ferroviária também potencializa panes. Se um trecho está parado, há poucos
pontos de baldeação para que usuários mudem de trajeto e evitem passar pela
linha com falha, como ocorre em outras cidades do mundo. "E a rede de ônibus tem
velocidade média de 15 km/h. É como se estivesse em constante pane", diz o
consultor Horário Figueira
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