A SuperVia se pronunciou, por meio de nota, sobre o trem que passou
sobre o cadáver de um homem nos trilhos próximo à estação de Madureira. O
incidente aconteceu na terça-feira e o vídeo mostrando um agente da
SuperVia autorizando o maquinista a passar sobre o corpo caído nos
trilhos se espalhou pela Internet.
Para justificar o procedimento adotado, a concessionária de serviço
público alegou que o trem tinha 'altura suficiente' para passar sobre o
corpo e que a decisão foi tomada considerando que na linha havia três
trens lotados (cerca de seis mil passageiros) aguardando para seguir
viagem. O homem foi identificado pela Polícia Civil como Adílio Cabral
dos Santos.
O secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osório, definiu
como 'injustificável' a atitude tomada pelos agentes na estação de trem
da Zona Norte. No entanto, Osório afirmou que cabe à Agetransp punir a
SuperVia.
"A fiscalização é da Agetransp, nós somos o poder concedente, uma vez
que somos diretamente interessados. Temos como objetivo que o serviço
seja feito de maneira adequada. Em Madureira, a situação foi
injustificável. Já conversei com o presidente da Agetransp, a
investigação foi aberta ontem (quarta-feira) e todos os materiais já
estão sendo analisados. Nós queremos uma solução rápida e transparente.
A Comissão de Direitos Humanos da OAB disse, em nota, que a ação dos agentes da SuperVia foi "uma barbaridade,
por tratar um corpo como algo descartável".
Semana passada, um agente da SuperVia autorizou um maquinista a
passar o trem sobre o corpo de uma vítima fatal de um acidente ocorrido
na Estação de Madureira na terça-feira. O homem fora atropelado após
acessar indevidamente os trilhos. O agente da concessionária, em vez de
aguardar a remoção do corpo, dá sinal para que o trem siga viagem. O que
se vê em seguida é a composição passando com todos os vagões sobre o
homem morto.
A 29ª DP (Madureira) abriu investigação sobre o caso. As imagens do Canal 'Supervia Vergonha do Povo Carioca' mostram os vagões passando sobre o corpo, para o espanto dos passageiros.
Supervia e Bombeiros apresentam versões diferentes
Na nota enviada à imprensa, a Supervia afirma que acionou os Bombeiros
para a ocorrência de um corpo na Estação de Madureira na tarde de
terça-feira. A corporação militar, no entanto, nega que o acionamento
tenha acontecido para este caso, mas sim para o atendimento a uma vítima
de trauma. A retirada do corpo teria ocorrido apenas às 20h, após o
pedido da delegacia de Madureira uma hora antes.
Eis a nota da SuperVia:
Sobre o episódio ocorrido nas proximidades da estação Madureira no dia
28/7, terça-feira, por volta de 17h, início do horário de pico do
movimento de passageiros, a SuperVia lamenta e reforça que está
investigando o fato, resultante de um procedimento totalmente fora dos
padrões operacionais da empresa.
O aparecimento de um corpo na linha, entre os trilhos, obrigou a
SuperVia a interromper o tráfego de trens naquele trecho e acionar as
autoridades competentes (Corpo de Bombeiros e Polícia Civil) para os
procedimentos legais, o que foi feito.
A SuperVia reforça que sua área de segurança não tem poder de polícia.
A empresa lamenta a perda de mais uma vida por invasão dos trilhos.
As primeiras apurações indicam que as circunstâncias do acidente e o
tráfego intenso de trens com milhares de passageiros naquele momento
levaram o Centro de Controle Operacional da empresa a trabalhar com um
procedimento de exceção, sob absoluto controle, considerando os
seguintes pontos em benefício da segurança do sistema:
- Foi constatado que o trem que trafegou sobre o corpo tinha altura mais
do que suficiente para fazê-lo sem risco de atingir e vilipendiar a
vítima.
- Apenas a partir dessa constatação, confirmada com toda segurança por
agente da empresa no local, e diante do risco de se criar um problema
maior e mais grave com a retenção de diversos trens, o CCO tomou a
decisão, em caráter absolutamente excepcional, de autorizar a passagem
do trem.
- Na linha interrompida havia 3 trens lotados (cerca de 6 mil passageiros, no total) impedidos de seguir viagem.
- A paralisação da linha criaria transtornos para toda a movimentação do
horário, quando viajam cerca de 200 mil pessoas pelo sistema.
- Passageiros retidos em trens parados tendem a descer irregularmente na
linha, aumentando riscos de incidentes, como já ocorreu em outras
vezes.
- A vítima estava posicionada num ponto em que a liberação de um dos 3
trens retidos permitiria remanejamentos para evitar a paralisação do
tráfego.
Reforçando que lamenta o que aconteceu, a SuperVia criou uma comissão
para estudar a adoção de práticas que ajudem a encaminhar os
procedimentos capazes de atenuar o impacto de situações como essa sobre a
rotina do serviço.
A SuperVia registra mais uma vez que o episódio é consequência de um
problema de infraestrutura causada pela falta de isolamento da malha
ferroviária, que é atravessada por cerca de 180 passagens de nível (só
38 são oficiais) e incontáveis pontos de travessia de pedestres, o que
coloca em risco, diariamente, a vida de pessoas.
Fonte da notícia: Diário da CPTM
Créditos do Vídeo Reservados ao Autor
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