A Polícia Federal vai investigar o engenheiro João Roberto Zaniboni,
ex-diretor da CPTM nos
governos dos tucanos Mário Covas e Geraldo Alckmin, entre 1999 e 2003. A
investigação tem base em documentos bancários que há uma semana o
Ministério Público Federal encaminhou à PF.
Estão entre os papéis extratos da conta Milmar, no Credit Suisse de
Zurique, por meio da qual Zaniboni recebeu depósitos no valor global de
US$ 836 mil, supostamente dinheiro oriundo de corrupção por
favorecimento à multinacional Alstom.
Os documentos originais chegaram ao Brasil em fevereiro de 2011,
endereçados ao DRCI - braço do Ministério da Justiça a quem
cabe o papel de autoridade central para rastrear fortunas ilícitas de
cidadãos brasileiros em paraísos fiscais.
No entanto, a Polícia Federal nunca recebeu aquelas provas contra Zaniboni - o que só
ocorreu há uma semana - que poderiam ser incluídas no inquérito
222/2008, investigação sobre pagamento de propinas a políticos do PSDB e
ex-dirigentes de estatais paulistas, a partir dos anos 90, no setor de
energia.
Como já relatou o caso Alstom, com indiciamento criminal de onze alvos, a
PF decidiu encartar o dossiê Zaniboni nos autos de outro escândalo, o
inquérito Siemens, multinacional alemã que fechou acordo de leniência
com o Cade, também
vinculado à pasta da Justiça.
As peças que só agora estão em poder da PF são as mesmas que aportaram
no Brasil há 2 anos e 8 meses, com exceção a um detalhe - não consta da
papelada uma importante providência que a Suíça havia solicitado já
naquela época: diligência de buscas e apreensão na residência de
Zaniboni.
A PF avalia que agora a medida já não faz nenhum sentido, uma vez que
tornou-se pública a vinculação do ex-diretor da CPTM com suposta
corrupção.
Além de fazer minucioso relato sobre a movimentação financeira de
Zaniboni, o Ofício Federal de Justiça da Suíça, amparado em procedimento
de investigação do MPC, indicou os
caminhos e a origem dos recursos da conta Milmar. São citados os
consultores Arthur Gomes Teixeira e Sérgio Meira Teixeira, que teriam
atuado como lobistas da Alstom.
Na ocasião, o DRCI enviou o dossiê Zaniboni ao MPF/SP. Desde então, os
documentos ficaram sob responsabilidade do procurador da República
Rodrigo de Grandis, que acompanha o inquérito Alstom.
A Suíça atribui a Zaniboni e aos Teixeira prática de corrupção e lavagem
de dinheiro. Os investigadores de Genebra estão convencidos de que o
ex-diretor de operações e manutenção da CPTM recebeu dinheiro de propina
para atender a interesses da multinacional francesa.
Na mesma época, 20 de dezembro de 2002, em que assinou termo de
aditamento a um contrato com a Alstom - instrumento que elevou de R$
19,4 milhões para R$ 23,6 milhões o custo de "prestação serviços de
revisão geral com fornecimento de materiais de 29 trens" -, Zaniboni
recebeu "numerosos pagamentos" na conta de Zurique.
Segundo a investigação, a Alstom fez remessas para duas offshores
sediadas no Uruguai, controladas pelos lobistas Teixeira que, por seu
lado, fizeram transferências para a conta Milmar. A suspeita é de que
Zaniboni teria recebido recursos também de outras fontes - a Suíça
localizou "pagamentos isolados", entre maio e dezembro de 2000, em favor
do então diretor da CPTM.
Ontem, o procurador Rodrigo de Grandis confirmou que
não encaminhou para a PF os documentos de Genebra. Ele ressaltou que o
Ministério Público Federal tem realizado diligências diretamente e junto
ao Poder Judiciário.
Fonte
da Notícia: Diário da CPTM
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