Cópia de ordem bancária que a Suíça enviou ao Brasil há um mês
comprova a transferência de US$ 103,5 mil para a conta Milmar, alojada
no Credit Suisse de Zurique e de titularidade do ex-diretor de operações
e manutenção da CPTM, Engenheiro João Roberto Zaniboni. O depósito em favor do executivo foi
realizado em 27 de abril de 2000 - quando ele exercia o cargo na estatal
paulista -, por orientação da Gantown Consulting S.A.
Offshore
sediada em Montevidéu, Uruguai, a Gantown é controlada pelo lobista
Arthur Gomes Teixeira, apontado pelo Ministério Público como pagador de
propinas da multinacional francesa Alstom, dentro do esquema do cartel
dos trens suspeito de atuar nos governos tucanos no Estado de São Paulo.
A
investigação revela que a Gantown era titular da conta Rockhouse, na
mesma instituição financeira em Zurique que abrigava a conta
180636-Milmar. O documento bancário agora encartado nas investigações do
Ministério Público no Brasil é um manuscrito por meio do qual a
offshore solicita transferência daquele valor.
A
prova põe em xeque a versão de Zaniboni que, em depoimento à
força-tarefa do Ministério Público Estadual e Ministério Público
Federal, afirmou ter realizado serviços de consultoria para Teixeira
antes de assumir o cargo de diretor de manutenção da CPTM. Ele ocupou o
posto durante parte dos governos do PSDB de Mário Covas e Geraldo
Alckmin. Zaniboni disse que "não tem cópia" do contrato com Teixeira.
Questionado sobre outras consultorias que teria feito, ele disse que
trabalhou apenas para o lobista da Alstom.
Consultoria.
Outro documento apreendido pela Suíça confirma a parceria da offshore
com a Alstom - em 3 de setembro de 1999 elas fecharam acordo de
consultoria em contrato da multinacional com a CPTM para reforma e
melhorias de 129 vagões.
A Milmar recebeu
depósitos que somaram US$ 836 mil, entre 1999 e 2002. Outra parte desse
valor foi remetida para Zaniboni por ordem de outra offshore, a GHT
Consulting S/A, também controlada por Teixeira. Todos os ativos migraram
em 2007 para a conta de uma filha de Zaniboni, em Nova York.
A
Suíça abriu investigação de polícia criminal e analisou as
movimentações financeiras das offshores e de Zaniboni. "As análises de
fluxos revelaram que fundos foram transferidos a João Roberto Zaniboni",
descreve relatório do Ministério Público da Confederação (MPC) suíça.
"Este cidadão era, naquela altura, manifestamente diretor no âmbito da
CPTM."
Ao examinar o ingresso de valores na
conta de Zaniboni, a Suíça ressaltou: "Há uma forte suspeita de que
esses pagamentos foram efetuados em relação com a atribuição de
contratos relativos a projetos de transporte pela CPTM à Alstom."
O
advogado Luiz Fernando Pacheco rechaça a suspeita. "(Zaniboni) é um
técnico. Recebeu o dinheiro pela consultoria que prestou a Arthur
Teixeira e a outras pessoas, quando ainda não ocupava o cargo na CPTM."
A Alstom informa que está colaborando com as investigações.
Fonte
da Notícia: O Estado de São Paulo
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